O jornal americano The New York Timespublicou neste domingo, 24, matéria de uma página sobre o desmonte da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Intitulada “Um caso de corrupção que se espalhou pela América Latina está sendo desfeito”, a reportagem assinada pelo correspondente Jack Nicas, com colaboração de Paulo Motoryn, tem o seguinte subtítulo:
“A Operação Lava Jato, que começou no Brasil, revelou um esquema de propina que abrangeu pelo menos 12 países. O Supremo Tribunal Federal do Brasil reverteu grande parte do seu impacto.”
O Antagonista analisa abaixo os acertos, imprecisões e omissões do jornal americano.
Eis o trecho de abertura:
“Uma das maiores ações anticorrupção da história recente está sendo silenciosamente eliminada.
O STF do Brasil está rejeitando evidências importantes, anulando condenações importantes e suspendendo bilhões de dólares em multas em uma série histórica de casos de suborno, argumentando que investigadores, promotores e juízes tendenciosos violaram as leis em sua busca voraz por justiça.
Em decisões tomadas no ano passado — a maioria resultante de ações judiciais movidas por pessoas que alegam ter sido tratadas injustamente — o tribunal anulou casos nos quais políticos e executivos de empresas de alto escalão se declararam culpados.
As decisões agora estão se espalhando pela América Latina, levando à anulação de pelo menos 115 condenações no Brasil, de acordo com grupos anticorrupção. As reversões também estão lançando dúvidas sobre muitos outros casos no Panamá, Equador, Peru e Argentina, incluindo as condenações de vários ex-presidentes.
Tudo isso equivale a um amplo desvendamento da Operação Lava Jato, uma investigação abrangente que, começando há uma década, descobriu um vasto esquema de corrupção abrangendo pelo menos 12 países. Os investigadores descobriram que corporações pagaram bilhões de dólares em propinas a funcionários do governo em troca de projetos públicos.
As descobertas viraram de cabeça para baixo o cenário político da América Latina, fechando negócios multinacionais e levando a bilhões de dólares em multas e centenas de condenações. Alguns dos políticos e executivos mais proeminentes da região foram enviados para a prisão, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Sua ruína é agora uma conclusão sombria para uma investigação que já foi vista como uma mudança radical na América Latina, prometendo erradicar a corrupção sistêmica que havia apodrecido os alicerces dos governos.
O público comemorou as condenações como um novo amanhecer para a região. Uma década depois, o Brasil e outras nações têm pouco a mostrar. Para alguns, a reversão é outro exemplo da impunidade que aqueles no poder desfrutam há muito tempo.”
Fonte: O Antagonista.