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Rota do Cangaço: resgatar a memória, projetar o futuro

 

O Brasil carece de políticas públicas que saibam unir identidade, memória e desenvolvimento. Eis por que é importante destacar — e aplaudir — a aprovação, na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 4.860/2024, que cria a Rota Turística do Cangaço. De autoria do deputado pernambucano Fernando Monteiro (Republicanos), a proposta vai além do turismo: trata-se de um gesto político e simbólico de valorização do Nordeste profundo.

 

A rota percorrerá cidades que foram palco da história do cangaço — esse fenômeno complexo, controverso, mas inegavelmente marcante na cultura brasileira. Estão entre elas municípios de Pernambuco (como Serra Talhada, Floresta, Paranatama e Caruaru), além de cidades na Bahia, Alagoas e Sergipe. O substitutivo apresentado pelo deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA) ainda ampliou o circuito, incluindo Olho d’Água do Casado (AL) e Glória (BA).

 

A aprovação na comissão é apenas o primeiro passo, mas é um passo necessário. O Brasil, infelizmente, sempre teve dificuldade em tratar sua própria história com a profundidade que ela merece. Durante décadas, o cangaço foi relegado a um folclore barato ou tratado apenas como banditismo. Poucos se preocuparam em entender o que de fato levou tantos homens e mulheres a viverem fora da lei, armados, errantes, em busca de justiça à sua maneira.

 

Agora, com esse projeto, abre-se a possibilidade de um novo olhar. Um olhar turístico, sim, mas também educativo e reflexivo. Não se trata de romantizar a violência, mas de compreender suas causas sociais, seus contextos e suas consequências. Trata-se de transformar dor e resistência em aprendizado, e esse aprendizado em oportunidade.

 

A Rota do Cangaço, se bem implementada, pode ser uma poderosa ferramenta de desenvolvimento regional sustentável. O turismo, quando bem planejado, tem a capacidade de movimentar economias locais, criar empregos, impulsionar o artesanato, a gastronomia, a música, e fortalecer o sentimento de pertencimento das comunidades. Cada cidade incluída na rota tem o potencial de virar um centro vivo de cultura e memória.

 

Mas para isso, será preciso mais do que uma lei. Será preciso investimento. Será preciso estrutura. Será preciso vontade política para capacitar guias, apoiar pequenos empreendedores, sinalizar trilhas, revitalizar espaços históricos e promover esses destinos para além das fronteiras do Nordeste.

 

É preciso também cautela. O projeto não pode se tornar mais um roteiro criado para “inglês ver”, com museus vazios e placas abandonadas. A memória do cangaço, que é tão rica e sensível, não pode ser transformada em caricatura ou em produto turístico pasteurizado. Há uma linha tênue entre resgatar o passado e explorá-lo de maneira superficial. Que ela não seja cruzada.

 

Fernando Monteiro está certo ao dizer que esse projeto resgata a história e impulsiona o futuro. O Brasil precisa parar de virar as costas para sua cultura popular. O cangaço faz parte de quem somos, quer gostemos ou não. E o Nordeste, tantas vezes esquecido nas grandes decisões nacionais, mostra que sabe contar sua própria história — e lucrar com ela de forma justa.

 

A Rota do Cangaço não será apenas um roteiro turístico. Pode ser, se bem cuidada, um ato de reparação histórica. Um movimento de resistência cultural. Um marco de desenvolvimento local. É uma chance rara de olhar para o sertão com orgulho, com respeito e com visão.

 

Que o projeto avance. Que saia do papel. E que o Brasil aprenda, enfim, a valorizar sua própria trilha — mesmo quando ela foi feita sob o sol escaldante, a poeira dos caminhos e o silêncio das balas.

 

Investimento – Durante evento no Sesc Caruaru nesta quinta (10), o prefeito Rodrigo Pinheiro celebrou investimentos de mais de R$ 10 milhões anunciados pela governadora Raquel Lyra. Entre as ações, estão a pavimentação de novas ruas e a construção do Centro Especializado em Reabilitação (CER), que vai ampliar o atendimento a pessoas com deficiência nas zonas urbana e rural do município.

 

Reconhecimento – Rodrigo Pinheiro afirmou que os investimentos representam o cumprimento de compromissos assumidos por Raquel Lyra desde sua gestão como prefeita. Ele destacou ainda o modelo de gestão da governadora, com foco na interiorização dos recursos. “Raquel está plantando em Caruaru, no Agreste e em todo Pernambuco. O presente já é realidade e o futuro está sendo construído com responsabilidade e trabalho”, declarou.

 

Filiação com peso – O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, oficializou sua filiação ao PSD, durante ato com a presença da governadora Raquel Lyra. Comandando a maior cidade do interior, Rodrigo se torna o principal nome da legenda em Pernambuco, reforçando o peso político do partido no Agreste e ampliando sua presença nos grandes centros urbanos do estado.

 

Projeção estadual – Com forte aprovação popular, Rodrigo Pinheiro entra no PSD em um momento de projeção estadual. Sua filiação é estratégica para a reorganização da base governista rumo a 2026, simbolizando a união de forças entre lideranças do interior e da capital. A presença de Raquel Lyra no evento evidencia o alinhamento político e o fortalecimento de um projeto com ambições estaduais.

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