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Foto: Péricles Chagas/ Instituto Mestre Nado

 

O Instituto Gilberto Giba Sobral e o Instituto Mestre Nado realizam, a partir da próxima segunda-feira, 17 de novembro, às 18h30, a exposição “O Som do Barro e a Melodia da Terra – 80 anos de Aguinaldo da Silva”, em homenagem ao oleiro, músico e Patrimônio Vivo de Pernambuco, Mestre Nado (Aguinaldo da Silva). A mostra acontece na Rua de São Bento, nº 104, Varadouro, Olinda, em frente à Prefeitura da cidade. Nascido em 8 de maio de 1945, em Olinda, o menino de mãos curiosas descobriu cedo no barro um companheiro de brincadeiras, sustento e transformação. Entre panelinhas e boizinhos moldados na infância, o oleiro se fez artista, e o artista se fez mestre.

 

Forjado na argila e guiado pela intuição, Nado moldou não apenas formas, mas também filhos. Da matéria bruta extraiu melodias e, de suas esculturas, nasceram ocarinas, flautas e tambores que cantam o encontro entre a terra e o sopro da vida.

 

Autodidata e pesquisador incansável, Mestre Nado transformou o barro em música e a arte em ensinamento. Sua trajetória ultrapassa seis décadas de criação, tendo produzido tendências de instrumentos inéditos, formadas gerações de aprendizes e projetadas seu trabalho para o Brasil e o mundo da Feira Internacional de Lille (França) ao Museu de Arte Moderna (MAM), no Panorama da Arte Moderna Brasileira.

 

Reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco e detentor do título de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade de Pernambuco (UPE), Mestre Nado é referência de resistência e inventividade popular. Seu legado se renova no Instituto Mestre Nado, sediado em Olinda, onde segue compartilhando seu conhecimento com novas gerações.

 

Mais do que uma homenagem, a exposição é um convite: ouvir com os olhos, ver com os ouvidos e sentir com o coração o universo vivo de um dos maiores mestres populares de Pernambuco.

 

Para Sara Cordeiro, presidente do Instituto Mestre Nado, o momento é de emoção e reconhecimento: “Esta homenagem é também um agradecimento. São 80 anos de luta, fé e amor à arte. Nado sempre acreditou que o conhecimento só tem sentido quando é partilhado, e ver essa trajetória reunida em uma exposição é um presente para Olinda e para todos que foram tocados por sua generosidade.”

 

Segundo Álvaro Lopes, presidente do Instituto Gilberto Giba Sobral, a exposição é um marco simbólico na preservação da memória cultural de Olinda e do estado: “Celebrar os 80 anos de Mestre Nado é reconhecimento a força da arte popular como patrimônio vivo de nossa identidade. O Instituto Gilberto Giba Sobral tem como missão preservar memórias e valorizar mestres que transformam o cotidiano em cultura. Esta exposição é um gesto de gratidão a um homem que aprendeu, com o barro nas mãos, moldar poesia, som e vida.”

 

Já o arquiteto e um dos curadores da exposição, Fábio Pestana, responsável pela concepção do espaço, explica o conceito curatorial: “A proposta expositiva nasceu do próprio gesto do mestre. As curvas, os tons terrosos e a disposição das peças buscam traduzir a organicidade do barro e a musicalidade que habita em cada forma. A arquitetura da mostra foi pensada como uma extensão do ateliê de Nado, um espaço onde a matéria se transforma em som e o som em memória.”

 

A coordenação executiva da mostra, sob a responsabilidade de Elizangela Martins, também ressalta o caráter simbólico da montagem: “Cada peça de Nado é um elo entre o sagrado e o popular, entre a arte e a natureza. Buscamos que o visitante percorra esse universo sensorial, onde o barro respira, fala e canta. É uma experiência na alma criadora de um artista que nunca deixou de ser aprendiz da própria terra.”

 

A exposição conta com o apoio da Correia Editora e Gráfica, Perspectiva e Sintepe, empresas e instituições que reconhecem a importância de iniciativas inovadoras à valorização da cultura popular e à preservação do patrimônio imaterial de Pernambuco.

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