O Recife viveu um sábado de terror, com cenas de guerra espalhadas pelas ruas da capital pernambucana. A escalada da violência entre torcidas organizadas de Santa Cruz e Sport transformou a cidade em um campo de batalha, com agressões, depredação e pânico. Diante desse cenário alarmante, a decisão do presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, de manter a realização do clássico é um retrato explícito de irresponsabilidade e desdém pela segurança pública.
Em vez de agir com prudência e cautela diante da gravidade da situação, o mandatário da FPF optou por uma justificativa absurda para não cancelar a partida: “Não faz sentido cancelar o jogo porque joga gasolina na fogueira. O jogo tem que acontecer para reduzir a violência”. Uma declaração que beira o surrealismo e expõe um total desprezo pela segurança da população.
Enquanto o Recife era tomado pelo caos, autoridades como o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto, e a governadora Raquel Lyra clamavam por providências. O pedido de cancelamento foi feito por Porto ao Governo do Estado e à FPF, mas Evandro Carvalho simplesmente ignorou o clamor público e manteve sua decisão unilateral. O argumento de que apenas ele tem o poder de cancelar a partida revela um comportamento autocrático e desconectado da realidade.
A governadora, por sua vez, afirmou que tomará medidas para punir os responsáveis pelos atos de vandalismo. Os números da violência falam por si: até a metade da tarde, o Hospital da Restauração já havia recebido 12 vítimas de agressão física, e as imagens que circulam nas redes sociais mostram cenas brutais de espancamentos, bombas e tumultos generalizados.
O esporte deveria ser um espaço de lazer e entretenimento, não um gatilho para tragédias anunciadas. Evandro Carvalho, ao insistir na realização do jogo, assumiu um papel de incendiário em meio à crise, contrariando não apenas o bom senso, mas também o clamor da população e das autoridades.
Se a Federação Pernambucana de Futebol quer ser levada a sério, precisa de uma liderança responsável, que coloque a segurança das pessoas acima dos interesses financeiros e das conveniências esportivas. O futebol pernambucano não pode continuar refém de decisões insensatas e perigosas.