Atacante do Flamengo é suspeito de manipular jogo contra o Santos em 2023, no Mané Garrincha, para beneficiar parentes. Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
Alvo da Operação Spot-fixing há cinco meses, o atacante do Flamengo, Bruno Henrique, foi indiciado pela Polícia Polícia Federal, nesta terça-feira (15), por crime de fraude a competição esportiva. O inquérito identificou indícios de participação do jogador de futebol na manipulação do mercado de cartões para favorecer seus familiares. E o crime teria ocorrido durante a partida entre seu clube e o Santos, ocorrida em 1º de novembro de 2023, válida pelo no Campeonato Brasileiro da Série A, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Outras 10 pessoas também foram indiciadas pelo crime que prevê de dois a seis anos de reclusão, segundo a Lei Geral do Esporte. O ilícito penal é configurado quando alguém dá, promete, solicita ou aceita vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de alguma competição esportiva, loteria e até site de aposta. A pena prevista é igual para quem praticar ou contribuir com a fraude.
Em nota divulgada na noite de ontem, o Flamengo disse que não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública sobre o caso envolvendo Bruno Henrique. “O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito”, disse o clube carioca.
A investigação
Em novembro do ano passado, a Operação Spot-fixing levou às ruas mais de 50 policiais federais e seis integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Publico do Distrito Federal (GAECO/MPDFT), para cumprir 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do DF, nas capitais Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e nas cidades mineiras de Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves.
A punição suspeita de ter sido forçada por Bruno Henrique foi uma expulsão, após o atacante do Flamengo reclamar de um cartão amarelo por sua falta cometida no rival Soteldo, aos 50 minutos do segundo tempo da partida que já estava com o placar final consolidado de 2 a 1 para o Santos. O cartão vermelho foi imediatamente aplicado pelo árbitro Rafael Klein pela forma acintosa com que o artilheiro flamenguista reclamou.
Uma comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) motivou a investigação, que também contou com relatórios de análise de risco da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que identificram haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida vencida pelo Santos com placar de 2 a 1, em novembro de 2023.
Em novembro, em entrevista ao SporTV, Bruno Henrique alegou inocência: “Sim [sou inocente]. Recebi de uma forma agressiva [a operação]. Não esperava da forma que foi. Mas eu acredito na justiça lá de cima. Deus sempre foi comigo. Eu estou tranquilo em relação a isso”, afirmou.
Familiares e amigos na mira
Na época da operação, entre os alvos da PF em Belo Horizonte, onde nasceu o atacante do Flamengo, estavam: Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno Henrique; Ludymilla Araujo Lima, cunhada dele; Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador; o casal Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Rafaela Cristina; e Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Douglas Ribeiro Pina Barcelos e Max Evangelista Amorim.
Todos teriam sido indiciados por terem criado contas em plataformas de apostas virtuais, na véspera da partida, para darem palpites com foco na punição do atleta e faturar com os prêmios indevidos.
Em novembro de 2024, a PF esteve na casa de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no quarto de Bruno Henrique no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu. E na sede das empresas que têm o jogador como sócio, a DR3 – CONSULTORIA ESPORTIVA LTDA e a BH27 OFICIAL LTDA, em Lagoa Santa (MG).