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Os de casa são os que mais sofrem

 

A relação política entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), já mostra sinais evidentes de desgaste – e caminha para uma ruptura inevitável. Embora ambos ainda tentem manter a aparência de cordialidade, nos bastidores é evidente: o respeito dos aliados de João por Silvio é cada vez menor, e a possibilidade de o ministro ser o candidato a senador apoiado pelo PSB está praticamente descartada.

 

O estopim da crise foi a recente movimentação em Lajedo, onde o prefeito Erivaldo Chagas declarou apoio ao deputado federal Felipe Carreras (PSB), ignorando a presença do Republicanos na cidade. O gesto foi interpretado como uma afronta direta a Silvio Costa Filho, que reagiu publicamente, usando suas redes sociais para mandar um duro recado: a definição sobre alianças partidárias só será feita em 2026.

 

Na tentativa de conter o estrago, João Campos adotou um tom apaziguador. Em entrevista nesta segunda-feira, o prefeito reconheceu a importância de “respeitar os espaços políticos” e disse manter “estima” por Silvio. Tentou atribuir a tensão a um “acirramento natural” típico do período pré-eleitoral. No entanto, quem conhece o cenário político de Pernambuco sabe que o problema é mais profundo.

 

Nos bastidores, a avaliação é clara: aliados de João não apenas ignoram as reivindicações do Republicanos, como tratam Silvio como um ator secundário. Para o núcleo duro do PSB, o ministro não reúne o perfil desejado para compor uma chapa majoritária encabeçada por João Campos, caso o prefeito avance em seu projeto estadual. Silvio, que alimentava esperanças de ser o nome do grupo para o Senado, perdeu força – e dificilmente será reabilitado.

 

A fala pública de João, tentando listar os quadros do Republicanos que contarão com seu apoio – entre eles Carlos Costa, Augusto Coutinho, Ossésio Silva e Fernando Monteiro – soou mais como um gesto protocolar do que como um compromisso real. Ao mesmo tempo em que promete apoio, João trabalha intensamente para fortalecer o PSB nacionalmente, visando sua ascensão à presidência do partido em maio. Seu foco está na construção de poder próprio, não em preservar alianças que hoje se mostram frágeis e inconvenientes.

 

A aproximação pragmática entre João Campos e Silvio Costa Filho foi útil em momentos passados, mas, na prática, sempre foi uma aliança de interesses circunstanciais, e não de confiança mútua. Agora que o prefeito busca ampliar sua influência política além do Recife, qualquer compromisso que limite seu espaço de manobra — como um apoio a um aliado menor em popularidade — torna-se um peso.

 

Silvio, por sua vez, não demonstra disposição de aceitar a humilhação calado. Ao endurecer o tom, marca posição e sinaliza que pode trilhar outro caminho em 2026, possivelmente se distanciando do PSB e buscando alternativas políticas que garantam sua sobrevivência e protagonismo.

 

O que se vê, portanto, é o início de um divórcio anunciado. A aliança entre João Campos e Silvio Costa Filho já não se sustenta na prática, e caminha para uma separação oficializada à medida que 2026 se aproxima. Entre sorrisos forçados e declarações diplomáticas, a realidade é que o respeito acabou – e sem respeito, em política, não há espaço para alianças duradouras.

 

Fim de uma era curta e, ao que tudo indica, mal costurada.

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