Os pernambucanos Alessandro Candeas e José Múcio Monteiro também serão homenageados por atuação que uniu diplomacia e logística para retirar brasileiros da zona de conflito. Foto: Ministério da Defesa-Divulgação
A experiência arriscada e delicada vivida pelo diplomata Alessandro Candeas e pelo Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, no resgate de cidadãos brasileiros na Faixa de Gaza, em 2023, que marcou um capítulo importante na diplomacia humanitária do Brasil, será compartilhada no Recife. Os dois pernambucanos estarão presentes em um evento na *Faculdade de Direito do Recife* (FDR), onde vão detalhar essa vivência histórica. A solenidade acontece na próxima segunda-feira (24), às 19 horas, no Salão Nobre da instituição.
Sob coordenação do professor da FDR e vice-presidente do Instituto dos Advogados e Pernambuco (IAP), Eric Castro e Silva, o momento ganha um peso especial, coincidindo com o recente anúncio do acordo de cessar-fogo selado neste mês de outubro, que trouxe um profundo alívio global. Este contexto confere ainda maior relevância à celebração da operação diplomática e logística comandada pelos dois conterrâneos no auge do conflito.
Na ocasião, o diplomata Alessandro Candeas, ex-embaixador do Brasil na Palestina e atual cônsul-geral em Lisboa, retorna à sua terra natal para além de receber uma justa homenagem, lançar o seu livro “Peregrinação e Guerra – Anotações de um diplomata na Terra Santa”. A obra de Candeas, ex-aluno da FDR, detalha sua experiência de quatro anos como embaixador do Brasil na Palestina, além dos bastidores da complexa operação de resgate de como comandou a retirada dos brasileiros, negociando diretamente com autoridades de Israel, Egito e até o Hamas.
Ao seu lado, o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, também falará sobre sua atuação estratégica essencial, garantindo a interlocução de alto nível para a evacuação e o fornecimento imediato dos aviões da Força Aérea Brasileira, sob gestão do Ministério da Defesa, que transportaram os resgatados. A convite do ministro da Defesa, o momento vai contar também com a presença do Comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, responsável pela complexa logística da operação que repatriou mais de 1.500 pessoas da zona de conflito no Oriente Médio, o que adiciona uma perspectiva única ao debate.
Condecoração na FDR
Durante o momento, o Instituto dos Advogados de Pernambuco (IAP) prestará uma homenagem especial, condecorando Alessandro Candeas e José Múcio Monteiro com uma medalha de reconhecimento pela atuação fundamental de ambos durante a crise. O evento será conduzido pelo diretor da FDR, Torquato Castro Júnior, e pelo reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes.
A celebração na FDR, que faz parte do calendário de ações de celebração dos 200 anos da instituição, ressalta como o Estado de Pernambuco foi representado por dois de seus filhos em um momento histórico da política externa brasileira, unindo a força da diplomacia à eficiência logística para salvar vidas.
Diplomatas da Faculdade de Direito do Recife
Durante o evento, a Faculdade de Direito do Recife (FDR) apresentará, em seu átrio, a exposição “Tradição que Representa: Diplomatas da Faculdade de Direito do Recife”. A mostra celebra a rica história da instituição como celeiro de talentos para a diplomacia brasileira, destacando a trajetória de ilustres egressos que desempenharam papéis cruciais nas relações internacionais do país.
A exposição presta homenagem a notáveis diplomatas da FDR, começando pelo Patrono da Diplomacia Brasileira, José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco), bacharel em 1866. A lista segue com o pernambucano Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1870), que uniu as carreiras de historiador e diplomata.
Em 1886, a faculdade formou o ex-Presidente da República Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa e o intelectual José Pereira da Graça Aranha. Seguem-se Frederico de Castello Branco Clark (1907) e o jurista e doutrinador Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda (1911), que também teve atuação diplomática. A homenagem se estende a nomes mais recentes, como Mário Gibson Alves Barboza (1937), ex-Ministro das Relações Exteriores, e o escritor e diplomata Geraldo Holanda Cavalcanti (1951).












