Foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
O avanço do desgaste de Lula
A confiança dos brasileiros em Lula está em queda. Segundo a última pesquisa Ipsos-Ipec, 58% dos entrevistados disseram não confiar no presidente, enquanto 40% ainda mantêm a fé no petista. Além disso, a avaliação negativa do governo ultrapassou, pela primeira vez neste terceiro mandato, a positiva. São sinais claros de desgaste, mas será que isso significa que Lula já perdeu o controle da narrativa política?
O cenário mostra que a divisão do país segue profunda. O Nordeste continua sendo o grande bastião de apoio ao presidente, onde 55% confiam nele, e a base que mais o sustenta é formada por pessoas com menos escolaridade, baixa renda e católicos. Já a rejeição vem com força de segmentos como evangélicos, eleitores de Bolsonaro, moradores do Norte e Centro-Oeste, além de pessoas com ensino superior e renda mais alta. Esses números escancaram um padrão que já se desenhava desde a campanha: Lula conseguiu vencer em 2022 ao unir diferentes grupos que não queriam a reeleição de Bolsonaro, mas nunca reconquistou a confiança de setores que, historicamente, já se afastavam dele.
O crescimento da desconfiança – um aumento de seis pontos percentuais desde dezembro – mostra que o governo não tem conseguido entregar o que prometeu, ou, pelo menos, não tem convencido a população de que está no caminho certo. A economia pesa, e a insatisfação não está apenas entre os mais ricos. O aumento da rejeição entre evangélicos, por exemplo, reflete não só questões ideológicas, mas também um descontentamento mais amplo com o governo. Se Lula já começava esse mandato com dificuldades para dialogar com esse grupo, agora parece que a distância ficou ainda maior.
Outro ponto preocupante para o governo é que essa pesquisa mostra um desgaste que não vem apenas da oposição, mas também de eleitores que votaram em Lula por falta de opção e agora cobram resultados. Os 41% que avaliam o governo como ruim ou péssimo não são apenas bolsonaristas. Muitos são eleitores pragmáticos, que esperavam mudanças concretas e, até agora, não viram avanços significativos. O Bolsa Família voltou, a política externa recuperou protagonismo, mas o dia a dia da população continua marcado por problemas como juros altos, dificuldades no crédito e serviços públicos deficientes.
Lula ainda tem tempo para reagir. Diferente de Bolsonaro, que governou isolado e apostou no confronto permanente, o petista tem habilidade política para tentar reverter essa tendência. Mas o tempo não joga a seu favor. Se a insatisfação continuar crescendo, ele pode perder o controle da narrativa e deixar de ser visto como solução para os problemas do país, abrindo espaço para a oposição se fortalecer de vez. O desgaste já começou. A questão agora é se Lula consegue reverter esse quadro ou se está apenas perdendo fôlego para um embate eleitoral que já se desenha no horizonte.
DEFESA – O deputado federal Fernando Monteiro defende a aprovação do PL 4860/24, que cria a Rota Turística do Cangaço, conectando municípios de PE, SE e AL. A iniciativa valoriza pontos históricos ligados a Lampião, como o Museu do Cangaço e o Sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada. O projeto, que fortalece o turismo e a economia local, tramita em caráter conclusivo na Câmara dos Deputados.
PARCERIA – A Câmara dos Deputados lançou a Frente Parlamentar Brasil-ASEAN, presidida pelo deputado Waldemar Oliveira (Avante-PE), para fortalecer laços econômicos, políticos e culturais com o bloco asiático. O evento contou com embaixadores e ocorre às vésperas da visita de Lula ao Vietnã. Com 680 milhões de habitantes e PIB de US$ 3,6 trilhões, a ASEAN é vista como um parceiro estratégico para o Brasil na expansão do comércio e investimentos.
SAÚDE – O deputado federal Guilherme Uchoa Jr se destaca na defesa da saúde em Pernambuco, garantindo recursos e destravando ações do governo federal no estado. Em 2024, destinou R$ 35 milhões em emendas para reformas, equipamentos e ambulâncias. Recentemente, viabilizou R$ 1,5 milhão para o hospital de Igarassu e ajudou a renovar a frota do SAMU em quatro municípios. “Nosso povo merece atendimento digno”, afirmou o parlamentar.